Cives
Centro de Informação em Saúde para Viajantes |
Terezinha Marta PP Castiñeiras,
Luciana GF Pedro
& Fernando SV Martins
A caxumba (parodidite*) é uma
doença infecciosa imunoprevenível de transmissão
respiratória. A
infecção é causada pelo vírus da caxumba
e, freqüentemente, resulta em manifestações
discretas ou é assintomática. A doença geralmente
tem
evolução benigna e é mais comum em
crianças, mas pode ocorrer com maior gravidade em adultos
susceptíveis (não imunes). Durante a gravidez a
infecção pelo vírus da caxumba
pode resultar em aborto espontâneo, porém não
existem evidências de que possa causar
mal-formações congênitas. Como regra geral, a imunidade
é permanente, ou seja, a caxumba comumente ocorre
apenas uma vez na vida.
Transmissão
Riscos
A caxumba tem distribuição universal e variação sazonal, com predomínio de casos no inverno e na primavera. Ainda é uma doença comum na maioria dos países em desenvolvimento. Na maior parte do mundo a incidência anual da caxumba varia entre 100 a 1000 casos para cada 100 mil habitantes, com surtos ou epidemias a cada 2 a 5 anos. Entre 2004 e 2007 ocorreram diversos surtos e epidemias de caxumba em países do Continente Americano (Estados Unidos, Brasil, Canadá), Europa Ocidental (Espanha, Reino Unido, Irlanda) e Europa Oriental (Ucrânia). No Brasil (2007) está ocorrendo um surto em Campinas (SP), principalmente entre estudantes universitários. A caxumba não faz parte da lista de doenças de notificação compulsória.
Medidas de proteção individualA medida se proteção mais
importante contra a caxumba
é a vacinação, que confere imunidade contra a
infecção em mais de 95% das pessoas. A vacina é
produzida com vírus
atenuados e pode conter
exclusivamente o vírus da caxumba
ou também incluir o vírus do sarampo e o da rubéola
("tríplice
viral", SRC ou MMR). A
vacinação contra caxumba,
necessariamente, deve incluir pessoas do sexo masculino, inclusive
adultos, para evitar que sirvam de fontes de infecção
para outros indivíduos. A realização de testes
sorológicos antes da aplicação da vacina contra a caxumba é, geralmente,
desnecessária.
A vacina contra a caxumba, como
qualquer outra, pode ter contra-indicações
e produzir efeitos
colaterais, em geral pouco freqüentes e desprovidos de
gravidade. Como todas as vacinas produzidas com vírus atenuados,
está contra-indicada
durante a gestação. Como regra geral, pelo mesmo motivo,
também não deve ser utilizada em
imunodeficientes, exceto em
situações especiais e com avaliação
médica. No Brasil, a partir de 1992 com a
implementação do Plano de Nacional de
Eliminação do Sarampo, a vacinas combinada (MMR) passou a ser
utilizadas na Rede Pública,
resultando uma redução significativa do número dos
casos de caxumba , rubéola
e de sarampo.
No Calendário
de Vacinação atual está prevista a
aplicação da MMR para
crianças em duas doses, a primeira aos doze meses e a
segunda entre 4 e 6 anos. A vacina também está
disponível nos Centros
Municipais de Saúde, em dose única, para
adolescentes e adultos (mulheres
até 49 anos e homens até 39 anos). Embora o risco de
teratogênese
(mal-formações congênitas) com o vírus
vacinal pareça ser pequeno, a gravidez deve ser evitada durante,
pelo menos, os 30 dias seguintes à aplicação da
vacina. Para reduzir as chances de infecção de pessoas
que tenham contra-indicações (como gestantes e
imunodeficientes), os
contactantes podem e devem ser vacinados, uma vez que os
vírus contidos na MMR não
são
transmissíveis.
Todos os casos com suspeita diagnóstica de caxumba devem ser notificados ao Centro Municipal de Saúde mais próximo, para que possam ser adotadas, em tempo hábil, medidas que diminuam o risco de disseminação da infecção para a população. A MMR pode ser utilizada para bloqueio de surtos ou epidemias de caxumba (ou de sarampo, ou de rubéola), com o objetivo de proteger os indivíduos não imunes, ou seja, os que nunca tiveram caxumba e os que ainda não tenham sido vacinados de forma adequada. A vacinação precoce (feita até 72 horas depois do contato) não é capaz de evitar a caxumba e nem a rubéola, porém pode impedir o desenvolvimento do sarampo. Entretanto, também os contactantes não imunes de pessoas com caxumba ou com rubéola sempre devem ser vacinados o mais precocemente possível, uma vez que a transmissão poderá ainda não ter ocorrido e é prudente evitar a possibilidade de infecções futuras.
Manifestações
O período de incubação
da caxumba
é de 12 a 25 dias. A
infecção, na maioria
das vezes, resulta em manifestações discretas ou é
inteiramente assintomática. Quando ocorrem, as
manifestações clínicas mais comuns são
febre baixa, dor no corpo, perda do
apetite, fadiga e dor de cabeça.
Cerca de 30 a 40% dos indivíduos infectados apresentam,
até o segundo dia de
doença, dor e aumento uni ou bilateral das glândulas
salivares (mais comumente, das parótidas). A parotidite
dura em torno de 7 a 10 dias e
tem resolução espontânea.
Em alguns casos
a caxumba pode evoluir com comprometimento do sistema
nervoso central
(meningite e encefalite), surdez, inflamação
dos testículos (orquite), dos ovários (ooforite), coração (miocardite) e, mais raramente do
pâncreas (pancreatite). Algum
grau de inflamação
das meninges (meningite), em
geral assintomática, pode ocorrer em até de 60%
das pessoas com caxumba. A meningite
com manifestações
clínicas (dor de
cabeça intensa, rigidez de nuca) é mais comum em adultos do sexo masculino e
pode ser observada em aproximadamente 15% dos casos, em geral com
evolução favorável e sem deixar sequelas. A
encefalite
(inflamação cerebral), que é potencialmente fatal, pode acontecer na
proporção de um para cada 50.000 casos. A caxumba pode levar à surdez
transitória ou permanente em 1 para 20.000 casos, comumente de
início súbito e unilateral em cerca de 80% das vezes. A ooforite, que ocorre em até 5% das mulheres que adquirem caxumba após a
fase puberal, não está relacionada à
infertilidade. A ooforite, assim como a pancreatite, pode produzir
manifestações (dor abdominal) confundíveis com apendicite. A orquite, também após a fase puberal, pode
se desenvolver em 20 a 50% dos
indivíduos e, ainda que possa resulta em algum grau de atrofia
testicular, raramente está associada com
infertilidade permanente. A miocardite
pode acontecer em até 15% dos casos e, ainda que
potencialmente grave, em geral não produz repercussões clínicas e é detectável apenas por
alterações eletrocardiográficas.
Tratamento
Disponível em 17/06/2007, 11:14 h.
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