Universidade Federal do Rio de Janeiro
Cives
Centro de Informação em Saúde para Viajantes


O Estado do Rio de Janeiro tem mais de 14 milhões de habitantes, o município do Rio cerca de 5 milhões e o Grande Rio aproximadamente 8 milhões de habitantes. Uma parcela significativa da população urbana vive em favelas, onde as condições de saneamento são precárias. O Estado é formado por uma área montanhosa, que se estende a Nordeste e a Oeste, e uma área de baixadas, que acompanha o litoral, a Leste e ao Sul, do município de São João da Barra até o de Mangaratiba. As baixadas são recortadas por rios de curso lento e sinuoso, que deságuam em barras rasas, cobertas de manguezais e cujas cheias periódicas originam pântanos e alagados, favoráveis à proliferação de Anopheles.

No começo do século XX o Rio de Janeiro era quase sinônimo de febre amarela, o que determinou a implementação de medidas de combate ao Aëdes aegypti e, finalmente, à sua erradicação. Em razão disto, o último surto de febre amarela  ocorreu em 1928-29. Além disso, as regiões de baixada - e a cidade do Rio de Janeiro - eram importantes áreas de transmissão de malária. Medidas como drenagens de pântanos e alagados, urbanização, expansão da área agrícola e utilização de DDT, reduziram a quantidade de mosquitos transmissores e o número de casos de malária. A malária, mas não os transmissores, foi finalmente erradicada na década de sessenta.

A cidade do Rio de Janeiro é um polo de atração turística, nacional e internacional e, além disso, é sede grandes empresas, que têm atividades crescentes no exterior e no próprio país, em áreas de desenvolvimento como a Amazônia. Além disso, o Brasil mantém importantes relações culturais e econômicas com países africanos, principalmente os de língua portuguesa, e o Rio recebeu uma significativa população de refugiados da guerra civil angolana. O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o segundo do país, movimenta cerca de cinco milhões de passageiros por ano. Adicionalmente, o Estado tem dois grandes portos marítimos (Rio e Sepetiba), e uma crescente área de prospecção e exploração de petróleo em mar aberto (Campos).

Na década de oitenta, tanto a cidade quanto o Estado tornaram-se novamente infestados pelo Aëdes aegypti. Em decorrência, ocorreram duas grandes epidemias de dengue, e a doença tornou-se endêmica. A presença de transmissores da malária (principalmente Anopheles aquasalis e Anopheles darlingi) torna possível casos esporádicos, pequenos surtos e, eventualmente, reintrodução da doença. Não sem razão, uma vez que existem transmissores, entre 1976 e 1999, cem casos de transmissão autóctone de malária foram notificados no Estado, quarenta e seis dos quais na cidade do Rio de Janeiro.

Nestas circunstâncias, a situação do Rio de Janeiro é preocupante. O elevado número de pessoas que deslocam de e para áreas endêmicas fazem com que o risco de introdução e reintrodução de doenças transmissíveis seja preocupante e permanente. A precariedade com que vive parte da população do Rio de Janeiro implica em riscos de reintrodução de doenças como cólera e poliomielite. Adicionalmente, pela presença de transmissores eficientes, existe um óbvio risco potencial para a ocorrência de doenças como febre amarela e malária.

Neste contexto de risco permanente da emergência ou re-emergências de doenças transmissíveis, foi elaborado, por docentes da Área de Doenças Infecciosas do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina, o projeto de criação do Centro de Informação em Saúde para Viajantes (Cives). Em março de 1997, com o apoio do Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva (NESC, atual IESC) da UFRJ, o Cives foi implantado, tendo como objetivos:

Por último - e não menos importante - a criação do Cives representa  um espaço de aprendizado e treinamento de alunos de graduação e de pós-graduação da Faculdade de Medicina e de outras Unidades da UFRJ.

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