Cives
Centro de Informação em Saúde para Viajantes |
Luz
solar
Terezinha Marta PP Castiñeiras, Luciana GF Pedro & Fernando
SV
Martins
A exposição à luz solar pode ter efeitos
benéficos
ou ser prejudicial à saúde. A luz do sol promove a
síntese da
vitamina D, atenua sintomas depressivos e melhora doenças
cutâneas
como alergias e
psoríase. A exposição
excessiva, no entanto, pode
provocar efeitos adversos como queimadura
solar, envelhecimento
precoce e câncer de pele. Além
disto,
pode
ser
o
fator
desencadeante
de
doenças
como
o herpes
labial
recorrente, o lúpus
eritematoso e a
porfiria. Estes
efeitos
nocivos
são
comuns
nas
regiões
tropicais
e
também
podem ocorrer em locais de
altitude
elevada, nos quais a atmosfera rarefeita permite que uma
quantidade maior de radiação
ultravioleta chegue ao solo. Em
todas as atividades realizadas sobre a neve deve-se considerar o
risco adicional decorrente da reflexão dos raios ultravioleta
que
incidem sobre esta superfície. Além do uso de roupas
apropriadas e
filtro solar com fator de proteção elevado nas
áreas expostas da
pele, é essencial o emprego de óculos com lentes
com
filtro protetor contra raios ultravioleta, para evitar danos
à
conjuntiva, à córnea e à retina.
Riscos
A tolerância à luz solar é individual e é determinada pela capacidade genética de sintetizar melanina. A reação dos indivíduos pode variar desde pessoas que tendem a sofrer queimadura solar com muita facilidade e não apresentar bronzeamento (pele muito clara) até as que são muito resistentes à exposição excessiva ao sol (mongóis e negros). As radiações de maior importância para a saúde encontram-se na faixa não visível do espectro eletromagnético, particularmente as radiações ultravioleta A (UVA), de 320 a 400 nm e as ultravioleta B (UVB), de 290 a 320 nm. Os efeitos deletérios podem ser imediatos ou cumulativos, ou seja, resultado das exposições à luz solar ao longo da vida. Os mais imediatos, como as dermatites solares ("queimaduras"), estão associados à exposição abusiva aos raios UVB. Os efeitos a longo prazo estão relacionados às radiações UVA (envelhecimento precoce) ou às radiações UVA e UVB (carcinomas de pele). Adicionalmente, alguns alimentos, substâncias ou medicamentos são potencialmente fotossensibilizantes. Ou seja, quando utilizados sobre a pele ou ingeridos, podem causar maior sensibilidade aos efeitos lesivos da luz solar, particularmente aos das radiações UVA. Estes efeitos podem ser de natureza tóxica (aumentam o risco de dermatite solar em todas as pessoas) ou alérgica (aumentam o risco em indivíduos predispostos).
A intensidade das radiações ultravioleta está relacionada com a latitude, a estação do ano e o horário do dia. Ao nível do mar, a quantidade de radiação ultravioleta é significativamente maior nos trópicos, durante o verão e no horário de 10 às 14 horas. Nos locais de altitude elevada, a atmosfera rarefeita permite que as radiações ultravioleta atinjam a superfície com maior intensidade, podendo ser observado um incremento de cerca de 4% a cada 300 metros acima do nível do mar. Adicionalmente, as radiações ultravioleta ao incidirem sobre uma superfície podem ser refletidas de forma mais ou menos intensa. A neve, por exemplo, é capaz de refletir 85% destes raios, a espuma da água do mar 25% e a areia das praias 15%. As nuvens não bloqueiam integralmente os raios ultravioleta.
A exposição
à
radiação
ultravioleta
pode
ser
um
problema
importante
nas
regiões polares e locais
de
altitude
elevada, principalmente nas montanhas cobertas de gelo ou neve. Nestes locais, as
radiações
ultravioleta são refletidas pela superfície, o que
amplifica a sua intensidade. A exposição não
protegida pode resultar em lesão ocular
aguda (fotoconjuntivite, fotoceratite e fotorretinite) e, nos casos mais
graves, em perda temporária da visão
("cegueira da neve").
Em
dias
nublados
os
riscos
de
lesões
oculares
podem aumentar,
uma vez que a luminosidade (espectro visível da luz)
está diminuida e as nuvens não
impedem a passagem dos raios ultravioleta que são
invisíveis e, adicionalmente, refletidos pela superfície.
Consequentemente,
em
razão
da
luminosidade
diminuida,
a
pupila
fica
mais dilatada e protege menos os olhos contra os raios
ultravioleta.
A exposição excessiva à luz solar
deve
ser evitada em qualquer horário, particularmente entre 10 e 16
horas, mesmo em dias nublados. Em todas as atividades realizadas em
regiões com neve, montanhosas ou não,
deve-se considerar o risco adicional decorrente da reflexão dos
raios ultravioleta que incidem sobre esta superfície. Além do uso
de roupas apropriadas para o frio e filtro (“protetor”) solar, que deve
ser
anti-UVA e anti-UVB, com fator de proteção (FPS) igual ou
superior
a 15 nas áreas expostas da pele, é essencial o emprego de
óculos
adequados ("óculos de neve") com lentes especiais (com
filtro para os raios ultravioleta),
para
evitar
danos
à
conjuntiva,
à
córnea
e
à
retina,
causados pelos
raios UVB refletidos. Em regiões
montanhosas, adicionalmente, o
viajante
deve adotar as medidas de
proteção contra a doença
da
altitude.
Os filtros solares são substâncias que,
quando
aplicadas na superfície da pele, reduzem a quantidade de
radiação
ultravioleta absorvida. A capacidade de proteger pode ser medida pelo
fator de proteção solar (FPS), que é a
razão entre a tolerância
à exposição solar com e sem o filtro. A
tolerância diz respeito
ao tempo máximo de exposição a partir do qual
ocorre queimadura solar na pele.
Assim, por exemplo, se um indivíduo se "queima" quando exposto
ao sol
por 20 minutos, ao usar um filtro com fator 15 toleraria cerca de 300
minutos (20x15). Os filtros solares têm FPS entre 2 a 60, o que
deve
estar especificado na embalagem. Deve ainda ser observado que tipo de
proteção é conferida pelos filtros. Em alguns, o
ingrediente ativo
(como o PABA, ésteres de PABA, salicilatos) confere fator de
proteção
apenas contra as radiações UVB. Em outros, o ingrediente
ativo
(como benzofenonas e antranilato) ou a presença de um bloqueador
físico
(como o óxido de titânio) também confere
proteção adicional para os
raios UVA. Os filtros solares devem ser utilizados em todas as
situações que impliquem exposição excessiva
à luz solar, inclusive em dias nublados.
Existem diversos filtros solares disponíveis, com diferentes formulações e eficácia. Na escolha do filtro deve-se levar em consideração o tipo de pele, o fator de proteção conferido e a possibilidade de proporcionar proteção contra os raios UVA e UVB. O fator de proteção deve ser acima de 15 para as pessoas com pele clara, que se queimam com facilidade e ainda devem ser evitados filtros que possam causar com maior freqüência lesões irritativas na pele, como os que contêm PABA ou seus ésteres. Deve-se tomar cuidado para evitar o contato destes produtos com os olhos e a boca. Preparações mais apropriadas para uso labial (base vaselinada) também estão disponíveis. O uso simultâneo de filtro solar e de repelentes a base de DEET reduz em cerca de 33% a eficiência do fator de proteção. Nestas circunstâncias, é importante reduzir o tempo de exposição à luz solar e utilizar um filtro com fator de proteção elevado. O filtro solar deve ser sempre aplicado (camada mais interna) antes do repelente.
Recomendações:
luz
solar
|
A dermatite
solar ("queimadura") geralmente
manifesta-se com eritema (vermelhidão) de
2-6
horas
após
exposição,
com
intensidade
máxima
em
24-48
horas,
reduzindo-se
progressivamente até desaparecer por volta do
quinto
dia. O eritema tende a ser mais acentuado nas dermatites fototóxicas
e, nestes casos, é relativamente comum a
presença de edema
(inchaço). Nas dermatites
fotoalérgicas, as
alterações cutâneas
aparecem mais tardiamente (de 24 a 48 horas após a
exposição) e,
geralmente, ocorrem lesões como pápulas e
vesículas pruriginosas,
que podem estar presente em áreas da pele que não foram
expostas ao
sol. As
manifestações oculares podem surgir até
6-12
horas
após a exposição excessiva aos raios ultravioleta e
ocorrem mais comumente em regiões de altitude
elevada cobertas de gelo ou neve. Em
diferentes
graus
de
intensidade,
podem
estar
presentes
lacrimejamento,
dor
e
vermelhidão
ocular, edema
das pálpebras,
sensação de "areia nos olhos",
visão
turva e, nos casos mais graves, perda temporária
da
visão
("cegueira da neve").
Disponível em 02/07/2011, 23:52 h.
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