Cives
Centro de Informação em Saúde para Viajantes |
Viagens
e riscos para a saúde
Fernando S. V. Martins, Luciana G. F. Pedro & Terezinha Marta P. P. Castiñeiras
O aconselhamento médico é uma etapa importante no planejamento de uma viagem. O risco de adoecimento depende de fatores como a susceptibilidade do indivíduo (influenciada por antecedentes vacinais e de doenças, doenças concomitantes e utilização de medicamentos) e as características da viagem programada (roteiro, época do ano, duração, tipo de atividade, condições de alojamento, disponibilidade de assistência médica). Em termos gerais, os riscos para o viajante são maiores em países e regiões menos desenvolvidas. Constitui, no entanto, um equívoco presumir que nos países desenvolvidos os riscos sejam inexistentes. Em todos os países, em maior ou menor grau, podem existir condições que impliquem riscos para a saúde do viajante. Os padrões de riscos são desiguais entre países e, dentro de um país, podem haver diferenças consideráveis entre regiões, cidades e até mesmo entre os bairros de uma mesma cidade.
As viagens, quando muito frequentes (geralmente as de trabalho), podem estar relacionadas com alto grau de stress, uma vez que o indivíduo fica exposto a um novo ambiente e recebe uma grande variedade de estímulos não habituais. O desconhecimento dos hábitos locais e dos riscos de violência e acidentes, que são peculiares para cada região, associada a uma desinibição (sensação de anonimato), que é comum em viajantes, pode facilitar a ocorrência de transtornos durante a viagem. Os distúrbios mentais são um dos principais problemas de saúde relacionados às viagens, e as emergências psiquiátricas são uma das razões mais comuns para evacuação aérea do viajante. Os distúrbios mentais pré-existentes podem ser exacerbados devido ao stress ou, em pessoas predispostas, podem desencadeados pela primeira vez. As viagens aéreas estão associadas com riscos para a saúde, que incluem barotrauma de ouvido médio, cinetose, discronismo circadiano (jet lag), distúrbios de comportamento, doenças tromboembólicas, transmissão de doenças infecciosas e despressurização.
O risco de violência e acidentes deve sempre considerado durante as viagens. Em qualquer local do mundo, o viajante pode ser vítima de assaltos, furtos, violência sexual, sequestros e homicídios. Pode ainda estar visitando um país com áreas de conflito interno ou ser vítima de ataque terrorista. O viajante deve ter cautela durante os deslocamentos no local de destino. Fatores como dirigir em local desconhecido, trafego em mão inglesa, cansaço excessivo e ingestão de bebidas alcoólicas contribuem para a ocorrência de acidentes de trânsito, uma das principais causas de hospitalização e morte entre os viajantes. A realização de atividades aquáticas não habituais (natação, mergulho, passeios de barco) é muito comum durante as viagens, principalmente entre os mais jovens, e o afogamento é a segunda causa mais comum de fatalidades entre viajantes.
Antes de viajar, os indivíduos
com doenças crônicas devem consultar seu médico,
informar-se sobre
a qualidade da assistência médica no local de destino e se
certificar da cobertura do plano de saúde ou seguro de viagem.
As
viagens devem ser programadas durante um período de estabilidade
da
doença. É desaconselhável viajar logo após
o início ou troca da
terapêutica, pelo risco de intolerância aos medicamentos e
pela
necessidade de avaliação médica frequente.
As
mudanças na alimentação, na atividade
física, na altitude, na
temperatura e no fuso horário podem descompensar doenças
preexistentes. As viagens aéreas podem representar risco
adicional
para os portadores de doenças crônicas. As aeronaves a
jato, em
geral, voam a uma altitude de cruzeiro entre 9.000 e 11.000 metros e
mantêm uma pressurização interna de 544 mmHg,
equivalente à
pressão atmosférica de um local com cerca de 2.500 metros
de
altitude. Neste ambiente, existe apenas 71% do oxigênio
disponível
em um local no nível do mar. Em geral, os indivíduos
saudáveis não
apresentam qualquer desconforto com os níveis de oxigênio
encontrados no interior dos aviões. As pessoas com doenças
cardíacas ou pulmonares,
no entanto, podem
apresentar complicações, portanto, devem ser submetidas a
uma
avaliação clínica
antes
de uma viagem. Em regiões montanhosas, mesmo para pessoas
saudáveis, podem existir riscos relacionados
à altitude e à exposição
excessiva à luz solar.
A
ocorrência de doenças
infecciosas no
local de destino é um fator de risco importante para
aquisição de
doenças durante uma viagem, mas de forma alguma é o
único fator e
nem é determinante de adoecimento. O viajante, em
função de
doenças preexistentes, pode ter maior suscetibilidade ao
adoecimento
ou, ao contrário, ter proteção contra uma
determinada doença
infecciosa conferida pelo contato prévio com o microrganismo ou
pela
vacinação. Além disto, o viajante, quando
adequadamente informado
sobre os riscos, pode adotar medidas de proteção. A
adoção
sistemática das medidas gerais de proteção e – quando
indicadas
– a vacinação e a utilização de
medicamentos preventivos
reduzem de forma significativa o risco de adoecimento. Quando
não está adequadamente informado, o viajante tende a
deixar de
observar as medidas de proteção à medida que
aumenta a duração
da permanência.
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