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Centro de Informação em Saúde para Viajantes |
Luciana G. F. Pedro, Terezinha Marta P.P. Castiñeiras & Fernando S. V. Martins
A encefalite japonesa é uma doença infecciosa aguda, causada por um flavivírus (o vírus da encefalite japonesa) capaz de acometer o sistema nervoso central. A infecção, para a qual está disponível uma vacina eficiente, é transmitida por mosquitos e ocorre principalmente na Ásia. Estima-se a ocorrência de 30 a 50 mil casos por ano no mundo e, na Ásia, é a principal causa de encefalite viral em crianças. Uma pessoa não transmite encefalite japonesa diretamente para outra.
Transmissão
A transmissão ocorre através da picada de mosquitos infectados (espécies do gênero Culex), que se proliferam em coleções de água e têm hábitos predominantemente noturnos. O vírus da encefalite japonesa tem como hospedeiros naturais os pássaros selvagens e os suínos, que servem de reservatório para amplificação viral. Embora os porcos adultos infectados não desenvolvam a doença (servindo apenas de fonte de contaminação para os mosquitos), a infecção durante a gestação provoca o aborto, sendo um problema veterinário relevante. A criação de porcos no peridomicílio, condição frequentemente encontrada em áres rurais dos países asiáticos, favorece a contaminação dos mosquitos e consequentemente a transmissão do vírus para os seres humanos.
Riscos
A encefalite japonesa é uma doença endêmica em muitos países asiáticos (Bangladesh, Brunei, Coréia, Filipinas, Malásia, Paquistão, Rússia, Taiwan e Timor Leste) podendo atingir níveis epidêmicos em algumas regiões (Camboja, China, Índia, Indonésia, Laos, Niamar, Nepal, Sri Lanka, Tailândia, Vietnã). Casos esporádicos são descritos no Japão, Cingapura, ilhas do Estreito de Torres (Austrália) e Papua Nova Guiné. A extensão do risco geográfico não pode ser medida exclusivamente pelo número de casos diagnosticados, pois a utilização de rotina da vacina contra encefalite japonesa adotada por alguns países (como Japão, Coréia, Tailândia e China) resultou em uma queda significativa da incidência da doença em seres humanos sem alterar de forma consistente o risco, uma vez que a circulação do vírus é mantida entre os animais.
O risco para o viajante é maior quando o tempo de pemanência na área é superior a 30 dias. Em geral, a transmissão da doença é sazonal, ocorrendo principalmente de maio a setembro em regiões temperadas da China, Coréia, Japão e leste da Rússia. Em áreas tropicais do Sudeste Asiático e Índia, o risco de transmissão é maior durante e imediatamente após a estação das chuvas (monções). A circulação do vírus é maior em zonas rurais, em áreas irrigadas para plantação de arroz e de criação de porcos.
Medidas de proteção
A encefalite japonesa pode ser evitada através da utilização de vacina e de medidas de proteção contra infecções transmitidas por insetos. O uso da vacina em viajantes deve ser avaliado individualmente após consulta médica, em função da possibilidade de efeitos adversos significativos, como reações alérgicas graves. A vacina contra a encefalite japonesa, que não está disponível no Brasil, está indicada apenas para viajantes que pretendem permanecer por mais de 30 dias em área de transmissão ativa da doença.
Manifestações
O período de incubação da encefalite japonesa varia de 4 a 14 dias. A maioria das pessoas infectadas não desenvolve a doença. Menos de 1% dos indivíduos apresenta febre, dor de cabeça, prostração, dor no corpo, náuseas e vômitos. Com a evolução da doença, surgem as manifestações neurológicas, como dificuldade de equilíbrio, fraqueza muscular, alteração de comportamento, diminuição do nível de consciência (sonolência excessiva) convulsões e coma. Cerca de 30% dos indivíduos que adoecem evoluem para o óbito e 50% permanecem com seqüela neurológica. Os casos mais graves, geralmente, ocorrem em crianças e idosos. Não existe tratamento específico para a doença. Embora seja pouco comum, pode haver recrudescência da doença por reativação do vírus latente.
Disponível em 24/05/2004, 11:07 h
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