Todos
os casos com suspeita de
sarampo
de
Lençóis
foram descartados e, em 14/12/2006 e a Secretaria da Saúde
do Estado da Bahia informava que o surto de
sarampo
estava
restrito
ao município de João Dourado. Em
28/12/2006,
a Secretaria
de Vigilância em Saúde (Ministério
da Saúde) registrava, através de
nota, a
confirmação 16 casos em João Dourado e um no
município de Irecê (478
km de Salvador, próximo a João Dourado). A nota
registrava ainda, entre
setembro e novembro, a
notificação de 33 casos com suspeita de
sarampo
(10 confirmados, à
época) no município de
Filadelfia (Centro-Norte da Bahia, 374 km de
Salvador). Em 2007 a Secretaria
de Vigilância em Saúde atualizou as
informações sobre o surto de
sarampo na
Bahia (ver Tabela e Mapa) em
notas emitidas em
15/01/2007,
30/01/2007 e
08/02/2007,
registrando também a ocorrência de dois casos no
município de Senhor do Bonfim, que provavelmente adquiriram a
doença em Filadélfia.
Tabela
Sarampo na Bahia: municípios e número de casos
Município
|
Número
de casos
|
João Dourado
|
18
|
Irecê
|
1
|
Filadelfia
|
26
|
Senhor do Bonfim
|
2
|
Total
|
47
|
Fonte: Ministério da
Saúde - Secretaria de
Vigilância em Saúde, 30/01/2007.
Até
o momento o número total de casos
sarampo
na Bahia é de 47 e novos casos não são detectados
desde 27/11/2006. O genotipo vírus
do sarampo implicado como causa do surto em
João Dourado foi o D4,
que circula endêmicamente na Índia, no Paquistão,
na Etiópia e em países do Sul da África. O D4
é também
responsável por casos importados, em países da
América do Norte, Europa e
Oceania. Ainda não estão
disponíveis informações sobre o genotipo que
causou o surto
de
sarampo em
Filadélfia e nem foi estabelecido um vínculo
epidemiológico definitivo com os casos de João Dourado.
Mapa
Bahia: municípios
com casos confirmados de sarampo
Bahia: municípios
com casos confirmados de sarampo
Fonte:
Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância em
Saúde, 30/01/2007.
As regiões em desenvolvimento
(África subsaariana e
do subcontinente indiano) respondem pela maioria dos cerca de 30
milhões de casos de sarampo
que ainda ocorrem no mundo. No entanto, ainda em 2006, diversos surtos
de sarampo
foram registrados em países como Bielo-Rússia,
Dinamarca, Alemanha, Grécia, Inglaterra, Itália,
Polônia, Espanha, Suécia, Ucrânia, Venezuela. No
Brasil, entre 2001 e 2005 foram registrados nove casos de sarampo,
todos relacionados a viajantes que adquiriram a infecção
em outros países (Japão, Alemanha e Ilhas Maldivas). O
elevado número de pessoas que se deslocam (trabalho ou turismo)
de
e para áreas de risco de transmissão, faz com que
exista risco permanente de
reintrodução de sarampo
em áreas onde a transmissão autóctone foi
interrompida, mas cobertura vacinal não é adequada. Nada
mais previsível do que a possibilidade de
reintrodução de sarampo
(ou rubéola,
ou caxumba)
em uma área que é um pólo turístico
internacional.
Determinar a origem da infecção é
importante, uma vez que é necessário procurar esclarecer
se, apesar
da aparente eliminação, o vírus do sarampo ainda
está circulando no país. No Brasil, a vigilância
(convencional e virológica) do sarampo
começou após 1991, o que significa que faltam
informações sobre os genótipos que circulavam
anteriormente no país. Além disto, também as
informações sobre os genótipos detectados
após 1991 são escassas. A epidemia
que ocorreu em em 1997 foi causada pelo D6, mas não se sabe se
este genótipo, comum na Europa, circulava anteriormente no
país ou se foi introduzido a partir de casos importados.
Entretanto, como o Brasil não registra transmissão autóctone
(transmissão de um
genótipo previamente existente no país) desde 2001, a
caracterização do D4 como responsável pelo surto
atual sugere que a
origem da
infecção, muito provavelmente, tenha sido um viajante de
outro país.
Mais importante ainda do
que
determinar a origem da infecção, é
investigar a razão da existência de não vacinados em uma
área com intensa circulação de
pessoas, provenientes de todas as regiões do Brasil e de
outros países, inclusive os que ainda tem risco de
transmissão de sarampo.
O sarampo
é uma doença
viral transmitida por via respiratória, para qual estão
disponíveis vacinas
eficazes
e seguras. Não existem diferenças de
evolução clínica entre os cerca de 20 diferentes
genótipos do vírus do
sarampo identificados. A doença ainda é uma das
causas mais
freqüentes de
óbito em crianças no mundo, em países
onde a cobertura vacinal é insatisfatória. O
período entre a infecção
e o início dos sintomas (incubação) é de
cerca
de 10 dias (8 a 14). As manifestações iniciais
(período prodrômico) são
febre alta, tosse "seca" persistente, coriza e conjuntivite.
Evolutivamente, em geral dois a quatro dias após o início
do
período prodrômico, surgem manchas avermelhadas na pele
(exantema máculo-papular eritematoso),
inicialmente no rosto e que progridem em direção aos
pés
(progressão céfalo-caudal), com duração de
cinco a seis dias. O sarampo
pode causar complicações
como diarréia, otite,
pneumonia (pelo próprio vírus
do sarampo ou secundariamente, por bactérias) e encefalite
(acometimento
do sistema nervoso central). A doença geralmente é mais
grave em desnutridos,
gestantes, recém-nascidos e pessoas portadoras de
imunodeficiências. Além disto, também pode agravar
a tuberculose,
em pessoas ainda não tratadas desta doença. Nas
condições epidemiológicas atuais, onde os casos
são raros, a história
de "sarampo"
com diagnóstico exclusivamente clínico, sem
comprovação sorológica, não permite
presumir
com grau de certeza razoável a existência de imunidade
contra a doença.
A discussão sobre vacinar ou não um viajante que tenha a
Bahia como
destino é ociosa. Devem ser vacinadas, observadas as
contra-indicações, todas as pessoas que não
tiveram
sarampo
e que ainda não receberam a vacina (ou seja, os não-imunes), indo ou não para a Bahia, com ou sem surto de sarampo.
A vacina (MMR), em pessoas não
imunes, quando feita até 72 horas depois do contato, pode
impedir o desenvolvimento de
sarampo.
Com
maior probabilidade,
portanto, pode proteger contra
o sarampo
quando feita a qualquer
momento antes do
provável contato, ou seja,
antes
da viagem para um local onde esteja ocorrendo um surto.
Disponível em 02/12/2006, 12:49 h. Atualizado em
20/02/2007, 17:29 h.